Fazendo um comparativo dos últimos 7 anos entre o preço do barril de petróleo em reais e o preço do combustível comercializado, nota -se que após a Petrobrás adotar uma política de preços de mercado, houve uma conversão nas últimas semanas, chegando a uma máxima histórica.

O valor do combustível quando elevado, causa uma pressão nos caminhoneiros que precisam diminuir suas margens de lucro por conta do aumento excessivo dos seus custos. O alto preço teve um outro pico em 2017/18, quando a greve dos caminhoneiros culminou com o pedido de demissão do ex – CEO, Pedro Parente, após sucessiva pressão do ex-presidente Michel Temer pela não adoção de medidas que subissem os preços dos combustíveis a níveis praticados no mercado mundial. Não é à toa que o atual presidente da república deslegitimou o CEO da Petrobras, acusando-o de estar agindo contra os interesses do país.

Quando analisado o período de gestão do CEO anterior, notamos um mergulho do preço do barril de petróleo, no início da pandemia juntamente com a desvalorização da nossa taxa de câmbio em relação ao dólar. Logo após algumas semanas, demos início a uma rápida recuperação que levou os preços ao patamar atual.

Hoje, a Petrobras vive um dilema entre seu projeto de empresa privada que consiste em maximizar seus lucros e distribuí-los aos seus acionistas, aproveitando-se de toda conjuntura econômica que a beneficia, ou seguir um projeto de desenvolvimento econômico imitando empresas de países como a Arábia-Saudita. Quando a Petrobras realiza um reajuste de combustível, pressiona violentamente as condições na economia afetando os níveis de inflação, logística e outras variáveis que determinam a vida de milhões de brasileiros.

Esse conflito de interesses não é de agora, os governos FHC, Lula, Dilma e Temer passaram pela mesma questão envolvendo a empresa mais lucrativa listada na Bolsa Brasileira. Hoje, todo o conjunto de negócios da Petrobras é responsável por quase 10% do PIB brasileiro, fazendo com que a Petro seja mais do que uma empresa de petróleo e gás.

Por Gustavo Neves, economista e assessor de investimentos da Plátano Investimentos