No dia 29 de junho de 1969, a população da pacata São José dos Campos festejava a noite de São Pedro. Na chácara da família Kubitzky, (onde hoje está a Obra Social Célio Lemos, ao lado do Estádio Martins Pereira), os irmãos, todos alemães, estavam dormindo. A família veio da Alemanha para trabalhar na Companhia Exploradora de Materiais Taníferas Ltda. (subsidiária da Bayer), nos terrenos situados entre o Putim e o Rio Comprido, para a cultura e extração de acácias.

Em 1918, com o final da Primeira Guerra Mundial e com a derrota dos alemães, a companhia abandonou a plantação. Os irmãos Kubitzky, todos solteiros- eram em 4, Hermann Paul, 76 anos; Arthur Moritz, 74; Erma Erica, 72 e Frida Elsa, 68; um deles era cadeirante – resolveram permanecer em São José. Compraram uma chácara no Jardim Paulista, chamada de Chácara Régio, construíram um casarão com 13 cômodos e lá montaram um hortifrutigranjeiro. Também tinham terras na área onde houve a ocupação do Pinheirinho.

Os irmãos tinham muitas posses e, segundo relatos de testemunhas, guardavam muitos dólares dentro de um cofre de aço, em um dos cômodos do casarão.

Era domingo, dia 29 de junho de 1969, noite de São Pedro, nos arredores do Jardim Paulista aconteciam algumas festas juninas. Alguns bandidos forjaram uma fogueira no portão da chácara e soltaram muitas bombinhas e rojões, enquanto os outros cometiam os assassinatos.

Quatro cães mestiços policiais não atacaram os ladrões ou foram dominados de alguma forma por eles. Estes cães, que guardavam a Chácara Régio há uns 6 anos, muitas vezes afugentavam meninos que pulavam a cerca, à noite, para furtar ameixas e goiabas.

Os ladrões entraram pela porta lateral da casa grande da chácara – deduziram os peritos – e não havia sinais de violência na porta, o que leva a crer que ela foi aberta por dentro por um Kubitzky.

A teoria sobre a porta e o fato de os ladrões não terem sidos atacados pelos cachorros, levou a polícia a pensar na possibilidade de os matadores serem amigos ou conhecidos da família

Os Kubitzky eram considerados antissociais e tinham reduzido números de amigos, mas, mesmo assim, cerca de 500 pessoas acompanharam o enterro dos 4 irmãos.

Os irmãos Kubitzky deixaram uma herança calculada em mais de um milhão de cruzeiros novos (dinheiro da época), terras, rendas e dinheiro depositados em bancos e emprestados a juros altos. O Estado apoderou-se de tudo, pois os irmãos não tinham parentes.

Levi e Ademirzinho foram presos e considerados os mentores de um dos crimes mais chocantes da história de São José dos Campos.

Segundo relatos de integrantes do Resgatando, o Ademirzinho, após ser preso, ficou com uma de suas mãos seca, em pele e osso, assim como de uma caveira e que ele andava com uma das mãos enfaixada, porque ficou totalmente inutilizada.

Pesquisa: Edu Santos

Fontes: Folha de S. Paulo de 01 de julho de 1969; relatos de integrantes do Resgatando São José dos Campos e livro São José dos Micuins (Vitor Chuster).

No livro São José dos Micuins, p. 581, Vitor Chuster registrou que a Sra Frederica Kubitzk (mãe dos irmãos assassinados) ‘foi uma das mais conhecidas e importantes parteiras que São José já teve, e por suas mãos nasceram algumas centenas de joseenses’.

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