Pedro Rachid nasceu em 29 de agosto de 1884, em Batlum, no Líbano. Quando tinha 14 anos, viajou clandestino no porão de um navio. Muito esperto, Pedro, percebeu que os mulçumanos que viajavam com ele não comiam carne. Ele pode então se alimentar muito bem e chegou muito forte na Argentina, país onde permaneceu durante dois anos.

Em 1900, com 16 anos, decidiu vir para o Brasil. Desembarcou em Santos e foi morar em São Paulo, onde trabalhou cortando árvores para a Light, empresa de energia elétrica.

Em São Paulo, teve informações de que tinha parentes morando na cidade de São Francisco, Estado do Rio de Janeiro. Mal informado, desceu do trem em São José dos Campos, onde lhe informaram da existência de São Francisco Xavier. Decidido a encontrar possíveis familiares, Pedro caminhou rumo à Santana, conseguiu um barco, atravessou o Rio Paraíba, andou dois dias por uma picada até chegar em São Francisco Xavier, onde não encontrou nenhum parente. Sem dinheiro, foi trabalhar como padeiro.

Guardou dinheiro e comprou a padaria onde trabalhava e a transformou em um pequeno armazém.

Ficou sete anos em São Francisco Xavier. Trocou o armazém por uma tropa de 20 animais e se tornou tropeiro. Comercializava fumo de ótima qualidade e de grande aceitação. Foi este comércio, praticado por alguns anos, que lhe deu uma boa estabilidade econômica e que o impulsionou a se mudar para Santana, o bairro que mais crescia em São José dos Campos.

Chegou em Santana em 1910, montou um armazém e lá ficou até 1924, conseguindo grande sucesso. Morava com a família nas Chácaras Porto Grande, 30 alqueires de terra à beira do Rio Paraíba, onde chegou a ter 8 mil pés de café, 15 mil bananeiras, plantava feijão, milho, arroz, mandioca, cana, eucalipto e mantinha 20 alqueires de pasto.

Por volta de 1943 vendeu a área para a Cia. Rhodosá de Raion, a primeira indústria estrangeira a se instalar em São José, em 1946.

Em 1925, se associou ao mineiro, Galiano Augusto Alves e ao paulistano, Vitorio Pulga, e montaram a firma Pedro Rachid & Cia., fundando a Casa Sant’ Anna, instalada na Rua Humaitá, 50. Era um comércio de secos e molhados, material de construção, ferragens, artigos para fumantes, papelaria, artigos para escritório e vendiam gasolina e querosene da empresa Standart. Em 1935 a sociedade foi desfeita e três anos mais tarde, Pedro vendeu a Casa Sant’Anna. Durante o período da IIª Guerra, Pedro não manteve nenhum comércio. Em 1944, superado o perigo da guerra, ele abriu a Casa Americana, uma loja que vendia de tudo, instalada ao lado da Igreja Matriz (atualmente Caixa Econômica Federal). Lá trabalhou junto aos três filhos, até morrer.

Pedro Rachid adotou São José dos Campos como sua cidade e trabalhou muito pelo seu crescimento. Quando as obras da Escola Normal (antigo prédio da Câmara e hoje Museu Municipal) quase pararam por falta de verbas, não se negou a doar significativa quantia. Também ajudou na construção da Santa Casa.

Incentivou a criação de várias indústrias, colaborou na construção das estradas que ligam São José à Campos do Jordão e São José à Caraguatatuba, doando cimentos da marca Perus, de quem era representante. Também construiu o famoso Hotel San Remo, inaugurado em 1933.

Pedro Rachid foi o fundador e o primeiro presidente da Associação Comercial e Industrial de São José dos Campos, de 1935 a 1937.

Fonte: São José dos Campos, o comércio e o desenvolvimento.

Fotos: Pedro Rachid / José Pedro, Pedro Rachid e Jamil, na tradicional Casa Americana, que ficava na Praça da Matriz, onde também funcionou o Hotel San Remo e hoje é a Caixa Econômica.

Participe da discussão na Página do Resgatando São José.