Por Rodolfo Manfredini, economista e assessor de investimentos da Plátano Investimentos
A contagem regressiva para saída de Trump da presidência americana ganha a cada dia um capítulo inesperado. Primeiro, a invasão ao Capitólio de seus seguidores, depois o banimento das redes sociais e a ameaça de sofrer impeachment. A cada movimento fica evidente que ele não desiste de contestar os resultados eleitorais.
E até o último minuto tenta uma maneira de dificultar a transição de governo para Biden e atrasar a agenda da nova administração, que se faz necessária e rápida, como por exemplo, novos pacotes de recuperação econômica.
Mas o fato é que Trump tem um capital político relevante, pois teve vitórias importantes nos grotões dos Estados Unidos. Dentro do partido republicano, quase a metade acredita que a eleição foi fraudada. Ele deixará como herança no tradicional partido conservador uma ala significativa que contesta as instituições, o “globalismo” e a imprensa, sempre questionando instrumentos de mais de 200 anos, muito embora os americanos ainda desejem fazer uma transição historicamente suave, democrática e sem mais polarização.
O Partido Republicano terá tempos difíceis internamente: volta a ser predominantemente um partido conservador ou adotará o trumpismo definitivamente.
Apesar de entregar bons resultados econômicos, as respostas às recentes crises da pandemia e aos protestos “Vidas Negras Importam” ajudaram a minar a reeleição quase certa de Trump.
Importante ressaltar que as atitudes recentes de Trump sinalizam atenção para países de governos que o mimetizam, como por exemplo o Brasil, uma vez que o presidente brasileiro coloca em questão as urnas eletrônicas nas eleições em 2022.